Observando o desenvolvimento da sociedade atual, é inevitável pensar que hoje em dia temos mais opções de comunicação do que qualquer ser vivo na história da humanidade seria capaz de imaginar. Porém, a proximidade constante e a onipresença proporcionada pela tecnologia não é mais que uma doce –ou talvez amarga– ilusão.
O celular, esse «amigo» que sempre nos acompanha e nos anima com essa sensação de que nunca estamos sozinhos, às vezes se transforma no nosso único amigo. Um like no Facebook, uma mensagem no Whatsapp, um coração no Instagram, um direct message no Twitter… Todas essas novidades imprescindíveis materializadas numa vibração ou num led que acende de forma instantânea na tela do celular fazem com que a ilusão da eterna companhia se ative. E aí é quando a gente se sente importante para as outras pessoas. Mas realmente somos importantes para alguém que dedicou menos de um segundo em deixar um like na nossa última publicação?
Um dia desses, almoçando em um restaurante, percebi que as pessoas ao meu redor quase não se comunicavam entre elas. Estavam muito ocupadas com os seus próprios celulares, com os seus próprios likes e com suas próprias estrelinhas. Casais de jovens em silêncio, envolvidos pela energia dos aplicativos dos seus celulares, não se olhavam, não se falavam, não se beijavam, não se comunicavam.
Espera. Eu disse: “não se comunicavam”. Mas sim, se comunicavam. Na verdade, estavam tão ocupados mandando Whatsapps e respondendo os comentários do Facebook que não eram capazes de prestar atenção nas pessoas que estavam ali sentadas, nas crianças que tentavam chamar a atenção dos pais, nos pássaros que esperavam ansiosos uma migalha de pão, na brisa que virou vento, no dia que virou noite…
Existe alguma coisa mais importante no mundo atual que um selfie com mais de 100 likes? Viver a vida online e ter uma reputação invejável nas redes sociais é o principal objetivo de muitos jovens. Sem dúvida, isso é muito mais importante que ver como o mundo funciona e como os outros seres vivos funcionam. Este vídeo ilustra perfeitamente o que quero dizer, porque aí é quando a gente começa a perceber que foi o celular que acabou com a espécie humana: